Com uma vida corrida, Maria Olga Setúbal Bussolotti se apresentou muito
cedo a uma sala de aula. E por lá ficou mais de 30 anos, renovando e
reinventando as atividades cotidianas. Quem já estudou com ela sabe que cada
aula era uma grata surpresa.
Emprestou seu talento às artes, se formando em desenho pela FAFI
(Faculdade de Filosofia da UFES) e EBA-ES (Escola de Belas Artes – Espírito
Santo). Mais tarde apresentou ao mundo suas composições pictóricas, emprestando
seu talento não somente ao público brasileiro, mas também aos apreciadores de
locais como Tokyo, Bonn, Sinzing e Dusseldorf, em Waterloo e Bruxelas, Lisboa e
Porto, Milão e Paris.
Suas telas funcionam como um descanso para os olhos. Possuem um traçado
simples e elegante, de quem não esconde a constante apreciação pelo mar e seus
elementos, provavelmente herança de sua história com Vila Velha, cidade onde
nasceu e cresceu. Certa vez, ao ouvir uma classificação para seu estilo
artístico, questionou: “Para que
classificar? Arte é arte!” E realmente tratava-se de uma artista livre, que
não buscava rótulos, queria apenas se expressar por meio de seus desenhos e
pinturas. A única preocupação que tinha era ser fiel à si mesma, sem se
preocupar com estilos.
Uma característica marcante foi a perseverança. Ouvindo assim até parece
que estamos falando de uma pessoa sem defeitos... Mas a mesma característica
que pode ser considerada uma qualidade, como a perseverança, às vezes a deixava
desiludida, e podia ser confundida com insistência, quando sentia a falta de
políticas públicas, interesse da iniciativa privada e até mesmo do público com
relação a tantos projetos e tentativas frustradas de manter bem cuidados os nossos
espaços culturais. Mas suas investidas muitas vezes deram certo e foram
comemoradas.
Tinha uma visão que misturava romantismo e realismo: acreditava na arte
local, queria ver os artistas capixabas mais valorizados. Não ignorava as
dificuldades existentes, mas era incorrigível em seus sonhos e sempre teve
orgulho do que fazia. Por isto, já trabalhou em várias áreas da cultura, como
Técnica Cultural de Vitória, mais tarde promovida à Chefe de Divisão. Também
atuou como diretora do Museu Homero Massena, em Vila Velha. Como fora
Molga infelizmente, nos deixou no
mês passado, mas está viva nas cores de suas pinceladas, nas atitudes dos
artistas do dia-a-dia e em cada espaço em que o Estado permitir que se torne um
pedaço de nossa cultura.
Karla Barbosa de Oliveira (Karla
Skarine)
Ex
Aluna/ Artista Plástica/ Cantora / Professora de
Arte,
orgulhosamente influenciada por Molga Bussolotti