Wednesday, April 02, 2014

Olga, Sempre Molga!

  Com uma vida corrida, Maria Olga Setúbal Bussolotti se apresentou muito cedo a uma sala de aula. E por lá ficou mais de 30 anos, renovando e reinventando as atividades cotidianas. Quem já estudou com ela sabe que cada aula era uma grata surpresa.
  Emprestou seu talento às artes, se formando em desenho pela FAFI (Faculdade de Filosofia da UFES) e EBA-ES (Escola de Belas Artes – Espírito Santo). Mais tarde apresentou ao mundo suas composições pictóricas, emprestando seu talento não somente ao público brasileiro, mas também aos apreciadores de locais como Tokyo, Bonn, Sinzing e Dusseldorf, em Waterloo e Bruxelas, Lisboa e Porto, Milão e Paris.
  Suas telas funcionam como um descanso para os olhos. Possuem um traçado simples e elegante, de quem não esconde a constante apreciação pelo mar e seus elementos, provavelmente herança de sua história com Vila Velha, cidade onde nasceu e cresceu. Certa vez, ao ouvir uma classificação para seu estilo artístico, questionou: “Para que classificar? Arte é arte!” E realmente tratava-se de uma artista livre, que não buscava rótulos, queria apenas se expressar por meio de seus desenhos e pinturas. A única preocupação que tinha era ser fiel à si mesma, sem se preocupar com estilos.
  Uma característica marcante foi a perseverança. Ouvindo assim até parece que estamos falando de uma pessoa sem defeitos... Mas a mesma característica que pode ser considerada uma qualidade, como a perseverança, às vezes a deixava desiludida, e podia ser confundida com insistência, quando sentia a falta de políticas públicas, interesse da iniciativa privada e até mesmo do público com relação a tantos projetos e tentativas frustradas de manter bem cuidados os nossos espaços culturais. Mas suas investidas muitas vezes deram certo e foram comemoradas.
  Tinha uma visão que misturava romantismo e realismo: acreditava na arte local, queria ver os artistas capixabas mais valorizados. Não ignorava as dificuldades existentes, mas era incorrigível em seus sonhos e sempre teve orgulho do que fazia. Por isto, já trabalhou em várias áreas da cultura, como Técnica Cultural de Vitória, mais tarde promovida à Chefe de Divisão. Também atuou como diretora do Museu Homero Massena, em Vila Velha. Como fora  
Molga infelizmente, nos deixou no mês passado, mas está viva nas cores de suas pinceladas, nas atitudes dos artistas do dia-a-dia e em cada espaço em que o Estado permitir que se torne um pedaço de nossa cultura.

Karla Barbosa de Oliveira (Karla Skarine)
Ex Aluna/ Artista Plástica/ Cantora / Professora de
Arte, orgulhosamente influenciada por Molga Bussolotti